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o azul 

(marcos ruffato)
 

o azul, como passeia!

veja só como passeia, o azul

quando venta sobre a serra
faz o verde se alegrar
veja só como passeia!

lá no areial, um azul desincendeia 

um azul 

cai dos olhos da menina, 

oi, ai…

salga o rosto e vai pro mar
tinha dia que era claro
tinha dia-escuridão

tinha um gesto muito raro do olhar
já conter a explicação

tinha dia que era mato

o céu parecer rebentação do mar
rio acima, serra abaixo, vou plantar
pra colher na estação

 

voz . amaranto e marcos ruffato

piano . cristóvão bastos

percussão . analu braga

violão . marcos ruffato

baixo . camila rocha

bateria . yuri vellasco



 

carta ao patriota 

(marcos ruffato)

se me permite, meu amigo, um fronteiriço palpite

nenhum país existe, bicho não tem pátria-mãe

nuvem que cruza o céu nem passaporte carrega

e é tanta coisa que floresce sob o sol de outro lugar… 

desobedece o mar qualquer limite de terra

quem pôs cerca no mar? quem?

 

amanhece um sol sem cercas

que aquece a natureza e há de se lançar na escuridão

arredia, a natureza desconhece qualquer cerca

e vai por aí na imensidão...

 

voz . josé luís braga

guitarra . felipe vilas boas

rhodes . davi fonseca

violão . marcos ruffato

baixo . sá reston

bateria . eduardo sueitt

 


peão-rei

(marcos ruffato)

hoje o dia é de peão ser crente que é senhor...

cego que só vê a cruz, senhor Jesus,

qual foi a cruz que condenou 

tantos corações sem paz, senhor Jesus?

 

hoje o dia é de peão admirar seu caçador

em pele de cordeiro, bufando, o Bode esbravejou,

enfeitiçou 

tantos corações sem paz, o tal vilão.

 

_Bode, já pode pastar! 

_se manda! 

 

vá logo passear!

que um novo sol já vai se abrir

pra iluminar os corações 

Luz, Amor!

 

hoje o dia é de peão, dia de peão, dia de peão.

hoje o dia é de peão, dia de peão, dia de peão-rei

hoje o dia é de peão, dia de peão, dia de peão-rei

hoje o dia é de peão...

dia de peão fechar os óio retrovisô

sacode, cantai p'a God, menino Deus, nosso Senhor

acalentai os corações sem paz, Senhor Jesus…

venha estar mais entre nós

vem mesmo se jogar, se misturar

ser como a flor:

sorrir pra ar com as mãos pro céu…

hoje o dia é de peão, dia de peão, dia de peão.

hoje o dia é de peão, dia de peão, dia de peão-rei

hoje o dia é de peão, dia de peão, dia de peão-rei

“oe” que o dia é de peão...

voz . marcos ruffato e rafaela sueitt

acordeon . nonato lima

violões . marcos ruffato

baixo . fábio gouvêa

pandeiro . tauí castro

percussão . jack will

o passo faz o chão 

(clara delgado e marcos ruffato)

passo e a estrada fica no lugar

onde atravessa a esmo toda a solidão

lá onde o vento sopra devagar e vai…

sobe a montanha, deita leve sobre o chão

 

pela linha dessa estrada, montada na asa, passo sobre o chão, 

é parte da chegada o caminhar de toda essa gente: 

“sorte de viver e atravessar!”

noite, tarde, madrugada, recolhendo o passo desse caminhar

vou pisando em falso até saber 

que não existe um chão!

esquecer aonde vai chegar...

 

toda a vida brota enquanto o passo faz o chão...

tanto existindo pelo tempo que durar e for...

coisa que é do corpo sob a terra se desfaz…

pela linha dessa estrada, montada na asa, passo sobre o chão, 

é parte da chegada o caminhar de toda essa gente: 

“sorte de viver e atravessar!”

noite, tarde, madrugada, recolhendo o passo desse caminhar

vou pisando em falso até saber 

que não existe um chão!

esquecer aonde vai chegar...

todas as montanhas que vivem sobre o chão 

vivem sobre o chão!

e sabem caminhar pisando o céu que vai passando 

quando a nu-

vem caminhar pisando o vento,

vai passando quando a nu-

vem caminhar pisando o céu…

voz . irene bertachini e marcos ruffato 

sax soprano . breno mendonça

violão, guitarra e bandolim . marcos ruffato

baixo . sá reston

percussão . analu braga

bateria . jack will

coro . alexandre andrés e rafael dutra

frevo pra acordar 

(marcos ruffato)

quando der de anoitecer

o dia se apagar

e a noite se estender longa demais

é que o chão precisa ter 

um tempo pra esfriar

um frio pra esquecer

deixar pra trás...

 

ah, as noites vão trazer

a lua pra sonhar

rompendo a escuridão

mas se nem a lua está

e o tempo se fechou

a chuva é meu par...

 

eu vou buscar o gesto delicado da manhã,

o alvorecer traz o dia com cuidado, acorda pra ver

o passaredo já cantou, o horizonte já raiou

o arvoredo se balança todo em flor!

 

delicado de manhã, acorda pra ver

raia o dia com cuidado, alvoreceu!

o passaredo já cantou, o horizonte já raiou

o arvoredo se balança todo em flor!

 

voz . bárbara barcellos e marcos ruffato

guitarra . toninho horta

violão . marcos ruffato

baixo . tiago araújo

reco-reco . jack will

bateria . esdra “neném” ferreira



 

pescador

(edelson pantera e marcos ruffato)


quando o mar derramar seu lençol

toda a brancura da espuma do mar

vem brincar na areia da praia

no vai-e-vem das ondas do mar

 

quando o mar derramar seu lençol

toda a brancura da espuma do mar

vem brincar na areia da praia

no vai-e-vem das ondas do mar

 

pescador, pescador, pescador

contra a luz, joga a rede no mar

a brincar no infinito azul

sob a luz, sob a luz, sob a luz...

 

pescador, pescador, pescador

mergulhou na fartura do mar

mergulhou, mergulhou, mergulhou

e voltou com a sereia a cantar


voz . maíra manga

flautas . rebecca kleinmann

violinos . nath rodrigues

violão e arranjo . marcos ruffato

baixo . camila rocha

bateria . paulo fróis

desanuvio 

(marcos ruffato)

quando o céu se fechar por cima da terra, 

vai logo “desanuviá”

quando o céu se fechar por cima da terra, 

vai logo “desanuviá”

se o sol me quarar na “mulêra”, 

o vento acontece quando eu caminhar

se o vento furar nossa vela, 

me deito na esteira do tempo do mar

 

quando o céu se fechar por cima da terra, 

vai logo “desanuviá”

quando o céu se fechar por cima da terra, 

vai logo “desanuviá”

se o sol se deita atrás da serra, 

a lua clareia o caminho de cá

e, se a lua também não clareia, 

é noite de ver estrela caminhar

se o sol se deita atrás da serra,

 a lua clareia o caminho de cá

e, se a lua também não clareia, 

é noite de ver estrela caminhar...

 

voz . leopoldina azevedo

o ceará e o vento

(marcos ruffato)

 

formiga do cajueiro correu pra avisar
palmeira soltou os cabelo pro vento despentear
é que o sol já vem raiar!

antes do céu tá inteiro, raimundo saiu pro mar...
quando ele não tá pra peixe, ô mineiro, a rede volta sem pegar, oiai...
barco vai... dia vem...
entra o céu, entra o sol, venta o chão, venta pro mar...

ah, enquanto duna tiver pra levar, o vento carrega todo o ceará!
ah, areia quente venta pra levar qualquer coisa ruim pro fundo do mar, oiá!


sem correr, vai chegar, vento vai sem parar,
vira som, vai soprar até chegar, cantando, 

a manhã!

maré baixa o mar inteiro, a noite começa a aproximar
um salve ao mestre caeiro faz o céu desanuviar
toda estrela que cai vira estrela do mar
tarde o sol deixa o céu, deita ao mar: estrela do mar!

ah, enquanto duna tiver pra levar, o vento carrega todo o Ceará!
ah, a correnteza corre pra levar qualquer coisa ruim do fundo do mar, oiai!

 

voz . rafaela sueitt

violoncelo . felipe josé

viola . letícia leal

pífanos e flauta . adriana losi

violão . marcos ruffato

pandeiro . túlio araújo

percussão . daniel guedes

farol 

(marcos ruffato)

 

menina que traz a luz de um terreiro 

nos olhos quando se entrega ao mar 

costura um abraço, me guarda no peito, 

que a onda vai passando e o que é da água vai subindo pelo ar

 

tudo que o vento levar  

volta no abraço do mar, um dia...

bonita que tem a paz de um veleiro      

deitado sobre a esteira do mar

costado sem cais, no vento desfaz

e sai virando nuvem, vai subindo 

e se desmancha pelo céu

 

vai molhando o ar

carregando o mar…          

...c’os oinho seu

vai levando o mar...

...costurando o céu!

ê menina bonita que traz no corpo um segredo

que o vento sabe carregar...

 

menina, que vá em paz e sem medo 

por onde o vento te levar!

que a luz da memória abrace seu peito

num tempo de voltar pro mar!

menina, vá virando luz!


violão e voz . marcos ruffato 

percussão . jack will (ijexá), analu braga (samba) e rafael dutra (moringa)

violão de aço. sílvio carlos

cavaquinho . du macedo

coro: Alaécio Martins, Anderea Amendoeira,

Andrea Aiko, Artur Araújo, Clarissa Barros, Débora Ruffato,

Du Macedo, Dudu Amendoeira, Laura Souza, Lucas Ladeia, 
Lucas Quixote, Mariana Brueckers, Tânia Beatriz, Tchella e Gê.

 

setembro

(marcos ruffato)

pois é, secou, 

ipê “coaiô os gai de flô”

dá gosto ver 

o céu da manhã por trás de uma nuvem brilhar!

 

a flor se abriu, 

dori sorriu pra mim

do porto de um dia bonito 

em minas gerais 

eu vou partir,

agradecer todo chão em que caminhar...

agradecer tanto chão

 

pois é, ventou, 

ipê já não tem os “gai em flô”

luziu o chão:

esteira pro vento arredar e cachorro latir, e ir, e ir, e ir...

esteira pro pro tempo encostar dentro de mim

voz . sérgio santos

violão e arranjo . marcos ruffato

flautas . raíssa anastásia

clarinetas . thamiris cunha

baixo . aloísio horta

pandeiro . analu braga

percussão . daniel guedes

bateria . yuri vellasco


a significação antitética das auroras primitivas

(marcos ruffato)

la nada entera hace una cosa: me incompleta mientras que nada en mi 

eso que es difícil circundar palavra lo alcanza siempre es como dá

círculo de rayo infinito es recta y, como tal, contiene todo lo que hay

la existencia es una esfera de infinito rayo e gira en torno de lo que no hay

um raio atravessou o céu e a noite pôde se afastar

que o sol é reta, e como tal, não pretende se fechar

a noite segue ao fogaréu, já escurece outro lugar

passarinho infinitou melodia circular

 

paralelos desencontros costurando sem bordão

passaredos contrapontos costurando, costurando

círculo infinito eclode, tangencia o horizonte 

lança retas sem parar pro sentido pendular 

 

tange o que já era céu, tinge o que já era seu,

se esfregando contra o ar, orbitando o q não há

 

la nada entera hace una cosa que me incompleta mientras que nada en mi!


 

voz . claudia manzo y marcos ruffato

trombone . joão machala

flautas . marcelo chiaretti

violão . marcos ruffato

baixo acústico . aloizio horta

percussão . daniel guedes

bateria . esdra “neném” ferreira

arranjo . marcos ruffato e marcelo chiaretti

serra de luz

(edelson pantera e marcos ruffato)

a alegria do potro que bebe a vida do chão

o verde puxa o pescoço e apura a escuta do chão

a terra sabe contar que o cheiro traz a inspiração

 

o tempo molha um canário que ilumina o quintal,

semeia nota no vento, molhando o bico no ar

e o potro sabe notar que o cheiro traz a inspiração

 

"ladilá" do vale tem outro quintal, outro lugar

chove, e o olhar da vaca apontando pra serra, querendo alcançar

serra de luz...

 

um pio avisa o outro: "houve uma nota do sol"

alguém prepara um rasante,

se joga e sai a voar!

curvando a história do ar,

moldando o vento nas mãos...

 

"ladilá" do vale tem outro quintal, outro lugar

chove, e o olhar da vaca apontando pra serra, querendo alcançar

serra de luz...

 

voz . mariah carneiro

guitarra . carlos walter

violão e voz . edelson pantera

violão 7 cordas e voz . marcos ruffato

baixo e trompete . beto lopes

percussão . jack will

bateria . cyrano almeida

cortejo

(marcos ruffato)

 

reconheço o chão: pedra, caramujo, mandruvá...

o cheiro vai chover

escurece o terreiro e o pé de urucum a tilintar as suas cerdas no vento do quintal

molhava o som 

o gesto do urucum ao se balançar

 

helena girou pescoço arrepiado do cocó

que ainda acenou

colheu-se o vinho e o corpo do cocó

e em sua ascensão começava a chover

 

voz . rafael macedo e marcos ruffato

trombone . alaécio “lalá” martins

viola caipira e arranjo vocal . rafael macedo

violão, guitarra: marcos ruffato

bateria . jack will

produção musical . marcos ruffato

co-produção, gravação e mixagem . rafael dutra

masterização . kiko klaus

fotos . natália gomes

design gráfico . rafaela sueitt

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